poetizada

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

silêncio

de novo a semente
a rega
a colheita

de novo pensar
fantasiar
criar

um grito para limpar
expurgar
alcançar

um caminho pra recomeçar
ensolarado
silencioso


sorriso de Caetano pra enfeitar 2010

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Post no Astronauta

Esse texto que está no blog do Astronauta foi escrito em meio a lágrimas de emoção e alegria essa semana. Em pleno momento de questionamento e busca profissional. Espia lá:

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

carta pro padrinho (continuação do sedex)

Receita para um bom padrinho:

  • escolha um amigo em comum dos pais;
  • que goste de crianças;
  • de preferência que tenha estudado Psicologia;
  • que tenha bom gosto (ok, isso é muito relativo mas ele tem);
  • que seja sensível, criativo, inteligente, carinhoso ;
  • que mude de cidade 10 dias após ser escolhido padrinho (essa foi pra pesar na consciencia);
  • que dê presentes fofíssimos como essa camiseta da foto!!!!!

Amigo, pedido de desculpa público pelo esquecimento do seu aniversário, você e o pequeno escolhendo o dia 24 para aniversariar é muita emoção pra mim. Muito obrigada pelo presente e pela sensibilidade. Esperamos você aqui em Sampa pra ouvir Chico com o pequeno. 

Querido, se você estivesse aqui iria te convidar hoje pra assistir "Abraços Partidos" do Almodovar, e iriamos compartilhar nossa paixão pelo cinema. Ahh, mas com um detalhe peculiar, é uma sessão do Cinematerna, pra frequentar cinema agora só com o rebento, né? Aliás dá uma olhadinha no que tô aprontando por lá:  no blog do Cinematerna.
Só mais uma coisa que até hoje não entendi, porque você dormiu enquanto assistíamos "1,99 - um supermercado que vende palavras"? ha-ha-ha   

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

mangia che te fa bene

O grande barato desse mês é a introdução de alimentos. Oh my!! Meu menino tá praticamente um homem feito crescendo.

Um dia disse para a pediatra que a amamentação exclusiva deveria se alongar mais tempo, afinal é tão prático
. É por isso que apesar da euforia por essa nova etapa eu estou em um tipo de luto pelo fim de uma fase, dessa maravilhosa fase aonde somente o leitinho da mamãe alimentou o pequeno.
A introdução não precisa necessariamente começar com seis meses exatos, cada bebê é único assim como cada família. Aqui em casa o pequeno já vinha demonstrando sinais de que estava se preparando: já fica sentado sozinho e se mostra muito interessado pela comida quando estamos comendo. Por outro lado ainda não tem nenhum dentinho.
Essa semana ele fez seis meses e decidimos começar a experimentação. Está sendo lindo poder preparar os primeiros alimentos dele. Em algumas culturas é muito marcante esse momento de introdução alimentar, e não é pra menos. Antes de nascer ele comia através de mim (e com isso eu já cuidava da nossa alimentação com carinho); depois no peito, alimento da melhor qualidade e sempre fresquinhoe  agora o mundo todo pra experimentar. Que maravilha é treinar alquimias, acho que toda mãe tem disso, principalmente no início da alimentação do filhote, isso de querer fazer a comida com as próprias mãos e com todo o amor do mundo.
Eu faço assim: papa de mandioquinha e uns pedaços pra ele pegar, banana amassada e umas rodelas pra ele se divertir, pois se ele não pegar e levar a boca ele não se interessa. E eu aqui respiro fundo porque a bagunça é fundamental, as mãozinhas lindas com comida esmagada entre os dedos; a cara, orelha e cabelos sujos e a maior parte da comida pra fora da boca. Comer mesmo é só um tiquinho! E o leite de mãe continua sendo protagonista dessa peça.
 

O Cacá é pediatra e tem um texto bacana sobre introdução de alimentos em seu blog, no final ele diz um coisa que me emocionou: "porque (a refeição)  se trata de um momento de troca, de carinhos, porque para a criança comer é uma brincadeira. Está vendo as cores nos alimentos, como vê as cores no mundo. Então é como se ela estivesse pondo parte do mundo para dentro. Se ela puder fazer isso de uma forma mais amorosa, é uma possibilidade dela desenvolver uma relação mais amorosa com o mundo e com ela mesmo."


Mamma mia!



 (ontem "comendo" papinha de beterraba)

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

blogagem coletiva: gentileza




Hoje é o dia mundial da gentileza e a Luciana, do blog Crianças Pagãs, fez o convite para participarmos dessa blogagem coletiva.

Crianças, mães com crianças pequenas e grávidas são constantes alvos de gentileza. Sempre que saio de casa com o pequeno recebo muitas demonstrações de gentileza: pessoas que cedem o lugar no metrô, se oferecem pra ajudar com as sacolas, me conduzem até o primeiro lugar da fila, etc. Além dos sorrisos e palavras doces.
E as crianças não somente respondem a essa gentileza como são espontâneas nessa demonstração.

Pausa...
Ué, porque a gentileza está tão em baixa ultimamente? Se pensarmos que nós adultos fomos crianças, fico sem entender aonde foi que a gentileza se perdeu. Será que ao amadurecer nos tornamos tão duros e egoístas?
E acho que esse é nosso dever, buscar a gentileza, doar nossos sorrisos e demonstrar respeito e empatia com o próximo. E que isso se torne nossa prática diária e essa experiência faça parte da vida dos nossos filhos para sempre.
Quem sabe um dia sorriremos uns para os outros sem motivo, como só as crianças sabem fazer.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

trocaram meu bebê no apagão

Dois dias depois do apagão estamos eu e Deri no sofá da sala, eu usando o computador e ele vendo tv. De repente a tudo desliga (tv, aparelho da net e roteador), menos de 1 segundo tudo liga outra vez, de novo tudo desliga, passa mais tempo dessa vez e liga. Nós que ainda não tinhamos feito nada, estávamos começando a nos entreolhar e dissemos: "apagão de novo!". Não pode ser, a luz tá acessa! O Deri se levantou pra ver o que estava acontecendo....
O ratinho do nosso filhote estava puxando e comendo o fio! Estava lá na maior cara de pau no cantinho dele, puxou o fio que fica atrás do sofá e babou em tudo estava mordendo o fio.
Juro que achei que essa fase "arteira" fosse demorar mais um pouquinho. Parece que foi ontem que meu bebezinho nasceu. Nesse meio tempo fiz 30 anos. Daqui a menos de 15 dias o pequeno fará 6 meses e vai começar a experimentar novos sabores.
Ei, para tudo!!!
Eu não vou mais piscar, vou ficar de olho aberto 24hs por dia pra curtir cada etapa do filhote, porque com o andar da carruagem se eu piscar de novo ele vai aparecer com a carta de motorista.
Vixe! E eu ainda não li nada sobre a síndrome do ninho vazio, ai ai ai!
Alguém me empresta um colírio?

terça-feira, 3 de novembro de 2009

poesia para ver


Num dia quente (muito quente) e bonito, eu fiquei contemplativa...talvez por causa do calor que não permitia me mexer muito sem derreter em suor, talvez por causa do céu azul (um azul que não tem nome, só vendo pra entender), sem n e n h u m a nuvem pra quebrar a intensidade, talvez por ter sido a chácara aonde meus avós moraram até o fim da vida.
Por muitos "talvezes" eu fiquei nesse estado de graça e achei essa uma linda imagem, daquelas de guardar as cores, cheiros, sons e emoção do momento.
O que me passou pela cabeça nesse momento foi essa frase de um belo filme: "Eu poderia morrer agora. Estou tão feliz. Estou exatamente aonde eu queria estar". (Brilho eterno de uma mente sem lembranças)


(deveria ser um post só com a foto, sem palavras, mas eu não consigo deixar de compartilhar meus porquês)

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

porque eu acho que sou de k-pax (ou a mão que balança o berço)

Hoje tive uma conversa que imediatamente me remeteu a esse post muito bom, MUITO BOM, lindo, real:

Tinha lido esse post na semana passada e o assunto ficou martelando na minha cabeça, não tinha digerido muito bem. Hoje tive uma conversa com a menina que trabalha aqui em casa que fez meu estômago embrulhar ainda mais, por isso venho aqui dividir com vocês esse papo pra quem sabe curar a indigestão...

Marinalva me contando que recebeu uma ligação da ex-patroa da irmã (que é babá) para que ela convencesse a irmã a voltar a trabalhar com ela, a ex-patroa já tinha falado com a babá - Francisca -  que disse não estar interessada em volta. Porque ela parou de trabalhar lá? Pois  bem, há uns dois meses a Franscisca, que deveria chegar as 8:00hs na casa da família, estava presa no trânsito (São Paulo, né?) e ligou para avisar que chegaria atrasada. Não é que a patroa fica brava e ela ainda escuta o marido dizendo que "essa gente" era folgada, blábláblá, e outros desaforos que não vale a pena comentar. Os patrões ficaram bravos, disseram pra ela por telefone (isso era 8:30) que ela iria trabalhar sem folgar uma semana pra compensar o atraso e que naquele dia não precisaria mais ir. Franscisca resolveu pedir demissão por conta da situação desconfortável que ficou. Arrumou outro trabalho.
Voltando...a ex-patroa inclusive ofereceu mais dinheiro e agora esta desesperada pois a menina estava terrível e não obedece mais aos pais e só quer a Francisca, deu pra sacar né? Leu o post acima?
Esse pais não sabem lidar com a filha de 4 anos, provavelmente porque nunca lidaram. Desde que ela nasceu tem duas babás: uma durante a semana e a de fim de semana.

Mesmo achando péssimo pais que nunca estão com seus filhos (babá de segunda a segunda), pior ainda é quando esses pais tratam mal a pessoa que cuida da criança. Repito o importante questionamento: "porque essas pessoas decidem ter filhos?". Ou elas não tomam essa decisão com consciência e sim porque é o caminho "natural" dos casamentos, é a cobrança social? Como essa criança entende a grosseria dos pais com uma pessoa que ela gosta e cuida dela? Será que ela não sente o desespero os pais quando se vêem sozinhos com ela?
Eu não nego que as vezes é necessária certa ajuda. Mas será  tão difícil assim passar um fim de semana sem babá? Como será construida e personalidade dessas crianças? Com as referências da babá creio eu: seu gosto musical, as histórias que ela conta, seu jeito de falar.
Sobre a roupa branca (eu não entendo), como uma pessoa comentou no post: o que será desses pais sendo cuidados numa clínica de idosos pelas enfermeiras de branco?? Afe, assustador.
Lembro de ter visto em uma revista uma decoração de um quarto infantil em que a cama da babá já fazia parte do conjunto. Heim??? Eu me sinto cada vez mais um ser de outro  planeta nesse mundo em que a babá passou a fazer parte do enxoval do bebê.

Dá pra me ajudar a responder tantas interrogações?


domingo, 18 de outubro de 2009

classificação etária (ou "será que ele vai ser boca suja?")

Alguém pode me dizer porque (bons) filmes nacionais tem  tanto palavrão?



Eu estou aproveitando a licença pra colocar meu lado cinéfilo em dia. Nas últimas semanas peguei vários filmes nacionais pra assistir enquanto o Caetano mama ou  tira seu cochilo.


Pergunta: será que ele capta essa vibração (pesada) toda? Ele ouve tudo, entende algumas coisas, será prejudicial pra ele? Sou eu uma mãe ignorante por assistir alguns tipos de filme com o bebê mamando?


Vocês podem me ajudar a refletir sobre essas questões?

(Eu até acho que em algumas situações um belo palavrão vem a calhar, tem lá suas utilidades. O pai tem pavor de palavrão e vem me pedindo pra diminuir o uso já desde a gravidez. Realmente acho o fim crianças de qualquer idade falando palavrões sem ao menos entender seu significado.)

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

daqui por diante


Filho, faltando 3 dias pro meu aniversário é que me dei conta que farei trinta anos. Há quatro meses você saiu da minha barriga e isso me traz novidades diárias, impede a monotonia. Tanta revolução impediu que me lembrasse com antecedência de uma data que sempre achei especial. Daí veio a minha cabeça: "preciso fazer um balanço dessas três décadas". Hum, mas não quero uma sequência lógica de acontecimentos, isso é chato. Meu tempo é outro. Quero contar sonhos, planos e desejos. Alguns realizados e outros ainda não, um tantinho desistido e outro transformado. 
Confesso que o único balanço que consigo fazer hoje é de um ano pra cá.

Há mais ou menos um ano caminhamos muito próximos. Estava faltando dois meses pra eu completar 29 anos quando descobri sua companhia. E neste domingo eu também quero celebrar que daqui por diante você vai fazer parte dos meus anos. E não tem presente melhor que esse.

Qualquer contagem de tempo fica sem importância quando eu olho pra você. A poesia dos seus olhos dizem a todo instante o quanto você é feliz. O quanto você se interessa em descobrir o mundo que por ora eu te apresento do meu colo. Esse colo que já tem seu formato, não importa o quanto você cresça. E descubro junto com você o que é ser mãe. A sua mãe. 


E o tempo por fora continua igual, amanhece, entardece, anoitece. A lua demora 24hs para dar uma volta ao redor da Terra, mas quem dá importância pra isso quando ela surge magnética e inspiradora no céu? Trinta anos ou quatro meses se tornam meras contagens sociais. Mas de domingo em diante na hora dos "muitos anos de vida" desejarei com todo meu amor que sejam eternos ao teu lado, meu pequeno.


Com carinho.

(mais uma foto da nossa viagem a Goiás, grávida de 5 meses)

terça-feira, 29 de setembro de 2009

poesia paterna

pés descalços, como vim ao mundo?
nadando entre braços,
esquivando de abraços,
procurando o laço que me fez aqui...

amor era só uma palavra...
não entendia, não compreendia,
nem o que era, nem o que poderia ser, ou viria...
mas, um dia, olhei e vi o que senti como pressão no peito,
como som nas costas, ou cócegas...
vi a mão de meu pai, a boca de minha mãe,
vi o olhar e o som que me viram e abraçaram por tanto tempo...

amor, apenas uma palavra pra quem não entende o carinho de meus pés em meus pés!

o amor existe, vive...
encontro o amor todo dia,
no bom dia de meu pai,
na pele de minha mãe,
no abraço de minha irmã...
no poder sorrir,
com vontade, necessidade, desejo, querer!

o amor existe no leite, que bebo todo dia,
toda noite, toda hora...
e nos meus pés, que desenham (ainda não contadas) histórias...

e se você não acredita em mim, tudo bem!
não tenho nem um ano ainda,
tudo que eu falo é um pouco duvidoso
(menos que o leitinho da minha mãe, seja tão gostoso!).

bom dia,
meu nome é caetano,
ano que vem faço um ano,
e já não acredito em ver nos seus olhos a saudade do bebê que um dia eu fui...



(pezinhos do pequeno, há dois meses, parque do lado de casa )

sábado, 26 de setembro de 2009

Fw: geminianos

Hoje eu não vou escrever, mas deixar a indicação desse post - geminianos - da Rê. E nossos filhotes são ou não a melhor fonte de inspiração? Bem, certas amizades nascem das maneiras mais inusitadas.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

amor e dor


Amor e dor sempre caminham juntos nas grandes histórias românticas, certo? E na literatura? Poetas sempre celebraram a dupla. É...a parceria foi vivida por mim essa semana. Na amamentação.

Eu estou com mastite e candidíase mamária. Sim, desgraça pouca é bobagem. Febre. Dor. Pontadas. Fica difícil até abaixar o braço

Andei pensando aqui que se não fosse a  enorme vontade de continuar amamentando seria um passo para o desmame. Como ouvi muito: "Ah, agora não dá mais pra amamentar, né?" ou "Ai, mas você vai dar de mamar assim? Gosta de sofrer". 
A dor é realmente muito intensa. Cada vez que o pequeno queria mamar eu ficava em pânico com a dor, mas o amor que isso representa para nós ajudou a superar tudo e seguir em frente. 
Bem, fiquei por conta de me recuperar essa semana pra continuar com a amamentação prazeirosa. 
É só eu fechar os olhos e pensar nesse delicioso momento meu e do Caetano e concluo que amor não tem preguiça nem condições pra ser vivido a todo e qualquer instante e apesar de toda e qualquer situação.
Até me lembrei de um trecho do poema "Amor e seu tempo" do Drummond:


É isto, amor: o ganho não previsto,
o prêmio subterrâneo e coruscante,
leitura de relâmpago cifrado,
que, decifrado, nada mais existe

terça-feira, 15 de setembro de 2009

sangue não é água

Bem, sempre ouvi dizer que a  relação com os nossos pais muda muito depois que a gente tem filhos. Não acreditava muito não, mas... não é que tem mudado mesmo? Ainda não sei explicar como isso está acontecendo (talvez eu nunca entenda), só sei que não é aquele clichê hollywodiano: um bebê nasce e todas as mágoas e diferenças desaparecem magicamente e a felicidade se espalha por toda a família. 
Percebo que a gente começa a nossa jornada de mãe e isso fatalmente vai nos remeter não só ao nosso arquétipo materno, mas a nossa mãe real.


Esse fim de semana fomos pro interior ver minha mãe. Ela me presenteou com um caderninho que ela começou quando dei a notícia da gravidez. Lá ela escreveu um tipo de diário com as sensações de ser avó, as novidades que eu contava como, por exemplo, a descoberta do sexo e muita, muita poesia. 
E isso me fez lembrar que um dia recebi um convite pra falar num programa de televisão sobre minhas poesias e o sarau que costumava frequentar. Por coincidência minha mãe estava em Sampa e foi comigo para a gravação. No final do programa acabei fazendo uma surpresa e falando uma poesia que ela escreveu e eu gosto muito
É Caetano, o mundo dá voltas e às vezes temos surpresas muito agradáveis sem nem esperar por isso. A poesia copio aqui embaixo.



(vovó Li e Caetano se conhecendo)

"O amor acaba. O amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, nos roteiros de tédio para tédio. O amor acaba na carta que chegou depois. Na descontrolada fantasia da libido. O amor acaba no coração que se dilata e quebra e que o médico sentencia imprestável para o amor. Às vezes o amor não acaba e é simplesmente esquecido, como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém humilde o carregue consigo. Às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido, mas, pode acabar com doçura e esperança, na floração da primavera, no abuso do verão, na dissonância do outono, no conforto do inverno. Em todos os lugares o amor acaba. A qualquer hora o amor acaba. Por qualquer motivo o amor acaba. Para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto. O amor acaba."

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

homens na minha vida





Recebi por e-mail uma proposta para um trabalho de fotografia. A temática era sobre as escolhas da mulher. O que me faz sentir bem enquanto mulher?
Comecei a pensar sobre o assunto. E só surgiam na minha cabeça palavras soltas: mulher, fêmea, filha, mãe, feminino. Não consegui tecer nada coerente, ficava meio sem referências.


Então percebi algo que talvez já tenha me dado conta há muito tempo. Minhas referências de vida vem muito mais do masculino. A história do porquê o maior convívio com meu pai e meu irmão é longa e especial. Resumindo: pais separados e por volta dos 10 anos passamos a morar eu, meu pai e meu irmão. Meu pai casou de novo somente muito tempo depois e minha mãe mora em outra cidade.

Pegar emprestado salto alto e maquiagem da mãe? Eu não. Pegava um agasalho do pai ou os brinquedos do irmão mais novo. Me recordo com ternura da diversão de jogar videogame os três. E montar lego. As bonecas ficavam no fundo do armário, quase esquecidas.
Assistíamos a Fórmula 1. E meu pai nos ensinava a dirigir quando íamos pro interior. Até hoje sou ligada em carros. 
Há alguns anos uma amiga foi morar sozinha. Também dei palpite nas cores e tecidos, mas a mão na roda foi instalar pra ela os armários do quarto e as prateleiras da cozinha. Me senti em casa com aquelas ferramentas todas. 
Eu não sou masculinizada. Tudo bem que odeio maquiagem, mas adoro pintar a unha de vermelho. Tenho pavor de salto alto, mas nunca deixei de usar brincos, colares e pulseiras.



Há dois anos eu e meu querido poeta "juntamos os trapos". É mais um homem na minha vida, uma nova fase, e nessa meu papel é de mulher. Outro dia ficou bravo porque eu pendurei a cortina sozinha. De vez em quando ele me coloca no lugar de mulherzinha, e eu adoro. 
Veio a gravidez e a certeza (intuição?) de que mais um homem faria parte da minha vida. A gravidez é a expressão máxima do feminino. Resolvi ir a fundo e aproveitar tudo o que esse momento tinha pra me dar. O parto, a amamentação, tudo mais o que esse universo feminino me trouxe eu acolho de braços abertos.


E nesse caminho do nascimento do Caetano nasceu uma nova Mariana.  Gosto ser mulher e tenho esse universo masculino impregnado em mim de uma maneira muito bonita.







(Fiz a primeira foto com o Caetano na barriga: meu pai, meu irmão e meu companheiro e essa última no primeiro dia dos pais do pequeno: meu pai, meu companheiro, meu filho e meu irmão)

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

escolhendo pelo outro

Num despretensioso passeio de sábado vimos algo que já tinha dado pano pra muitas piadas familiares: a roupinha de time de futebol. Do Corinthians, diga-se. Aqui em casa é assim: pai é corinthiano roxo e mãe é corinthiana.



Assunto polêmico para muitos, pra mim é assim: se a pessoa tem um time do coração e ele é tão importante a ponto de colocar brasão no quarto dos filhos ou a roupinha com escudo desde bebezinho, tudo bem. Quem prefere a imparcialidade, tudo bem. Apesar de eu achar que a neutralidade não exista de fato. Afinal, se você é corinthiano isso vai aparecer na sua casa, e portanto, de uma maneira ou outra, na vida dos seus filhos.

Dizer: "meu filho vai escolher o time que quiser" é legal pois mostra respeito as escolhas do outro, mas ao mesmo tempo não podemos viver nessa estranha neutralidade, porque vai parecer forçado, vai parecer que criamos nossos filhos num mundo fantasiosamente neutro. Impossível.



Voltando a loja aonde encontramos o body do Corinthians:
Eu: "Vamos comprar?" (toda empolgada porque a roupinha era roxa, cor do terceiro uniforme do timão e cor que eu adoro.) 
Pai: "Ah, não quero comprar, quero que ele tenha liberade pra escolher o time dele, não quero que depois ele veja a foto com essa roupa e se sinta influenciado a ser corinthiano".
Eu: (surpresa com o comentário, afinal o pai é fanático) "Essa não! Meu amor, gostando ou não do Corinthians quando crescer e tiver mais discernimento, ele no mínimo vai ter algumas histórias para contar. E quem sabe até um pai tirando sarro do torcedor vira-casaca."



Bem, compramos a roupinha. E sem perder a esportiva, eu vou adorar levar o pequeno assim pra casa do vovô-materno palmeirense, adoro essas farras.
Eu tenho uma história de ser corinthiana. Meu avô materno teve um infarto em pleno jogo do timão contra a Ponte Preta em Campinas e faleceu com 40 anos. Logicamente muitos anos antes de eu nascer. Eu cresci ouvindo com muito orgulho essa história e decidi homenagear meu avô. Influenciada pela história. Assim como tive influências palmeirenses, coisas de famiglia italiana.

Eu não acredito em imparcialidade nessas horas, eu vou ser autêntica pro meu filho. E saberei respeitar suas escolhas. 
Hoje eu preciso fazer muitas escolhas pelo Caetano, e isso é inevitavelmente feito a partir da minha bagagem, das minhas preferências.



Eu prometo não forçar a barra, mas a foto está guardada... =)

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

poesias


Nos conhecemos num sarau. Ainda que fosse um clichê o chamei de "poeta". Mal sabia que ele não seria somente mais um dentre tantos poetas talentosos daquele círculo semanal. Quando o ouvi chamar-me "poesia" pulei de alegria. Internamente. Por fora queria parecer blasé, queria que ele não reparasse na minha euforia de menina apaixonada. Por isso na primeira vez em que o vi recitando eu olhei pro chão, pro vazio. Não sei se por vergonha de saber que aquele poema era dedicado silenciosamente pra mim ou por não querer deixar transparecer o interesse. Ou as duas coisas. O que sei é que tempos depois soube que ele nunca esqueceu aquela falta de atenção e isso o motivou ainda mais a voltar naquele sarau. E assim, tempos depois, terças-feiras eram noites de grandes expectativas e tentativas de aproximação.


E assim caminhamos devagar, entre tropeços e dúvidas e enfim nos unimos.


Olhando o nosso doce pequeno Caetano, recordo uma promessa surgida na gravidez, a de sempre lermos nossas e outras poesias para ele. Me lembro do último sarau que fomos na gravidez. Eu estava bastante sensível (hormônios de grávida) e lendo esse livro que me deixava a flor da pele. Li esse texto lindo que me emocionou muito:


Quando o seu nome me veio à cabeça, foi muito antes de você existir. Antes até de amar seu pai. Há muito mais tempo eu sei de você, Francisco. E amo desde o seu não-projeto de vir. Você, seu humor, sua alegria. Eu já sabia, mas não sabia que sabia. E foi assim, sem saber, que procurei e fui achada. Foi você, dentro de mim, que fez nascer o seu pai na minha vida. Para poder vir através dele. Obrigada por parir seu pai, filho. E assim me dar a mim mesma de presente.

Cristiana Guerra


(foto da nossa viagem a Goiás, grávida de 5 meses)

domingo, 30 de agosto de 2009

história




Um querido amigo veio nos visitar e nos perguntou o que era o tal do Projeto Macieira. Bastou pra querer compartilhar, escrever. Então senta que lá vem a história...



Projeto macieira:

Quando começou, tinha data de inicio e fim: 09 de outubro e 19 do mesmo mês. Um contrato com cláusulas, prazos e multas, e decidimos experimentar. Uma das cláusulas era sobre a renovação: poderia ser renovado, mas somente por um período pré-estabelecido de 80 anos, 3 meses, 1 semana, 3 dias e 10 horas.
No dia em que decidimos renovar o contrato, queríamos que nossa história tivesse um nome, um nome simples, mas que simbolizasse nós dois. Coisa de casal, de querer estar num mundo a parte. Na época, conversamos sobre a operação Navalha, da Polícia Federal (que diabos a PF tem a ver com um casal apaixonado?), e ela teve certa influência na criação da nossa operação. Sabemos que as operações da PF são batizadas com nomes criativos para fazer referência a operação de forma sigilosa, também queríamos um segredinho só nosso. Mas, primeiro, quisemos mudar o nome, de operação para algo mais... digamos... romântico: Projeto!
Bom, tínhamos um projeto, mas ainda faltava o nome desse projeto, então refletimos um pouco mais: pensando que o contrato foi renovado por 80 anos, 3 meses, 1 semana, 3 dias e 10 horas, resolvemos pensar em como estaríamos neste dia. Vimo-nos em uma cadeira de balanço, na varanda de nossa casa, olhando nossos netos brincando em volta de uma árvore no quintal. Assim como os nomes escolhidos pela Polícia Federal, o nosso nome não poderia ser apenas um nome, tinha que trazer uma referência implícita nele. Bom, na época eu volta e meia estava comendo uma maçã quando nos encontrávamos nos saraus, era o lanche que eu sempre tinha na bolsa; além disso, nossa árvore deveria ser frutífera, pensávamos em uma família grande. Gostamos do nome, da brincadeira. Então seria o Projeto Maçã! Faltava sonoridade. Logo nos vimos sentados na sombra de nossa casa vendo nossos netos correndo e balançando nos galhos de uma macieira... opa! Tava ai a sonoridade que procurávamos: Projeto Macieira!

O Projeto Macieira é hoje nosso sonho vivido dia-a-dia. E está crescendo, personalizado em um lindo fruto chamado Caetano.
E isso é a pré-história do Caetano, que um dia se chamou Antônio.


É, amigo querido, você que participou das minhas escolhas, me cuidou, me disse um nome sem pretensões, hoje se alegra com tudo isso. Você é parte desse sonho.