poetizada

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Édipo Rei

Caetano foi visitar a vovó no interior, e como sempre queremos mostrar suas novas habilidades.

- Fala pra vovó que você já sabe falar filho. Fala: vovó.
- "vaulvaul"
- Titio
- "titi"
- Papai
- "papai" (assim mesmo, perfeito)
- Mamãe
- "papai"
- Não Caetano, fala: mamãe, mamãe, mamãe!
- "papai, papai, papai"


Sófocles não sabia da missa um terço.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

aprendendo juntos

Filho, hoje você vivenciou uma frustração com uma colega da escola, a primeira que eu assisti e que não foi causada por mim. 
Você observava a menina (de uns 3 anos) passeando pra lá e pra cá com uma mochila fofa de rodinhas, quando ela deixou a mochila no chão e foi brincar, você rapidinho pegou a mochila e saiu feliz carregando pelo jardim. Eis que a menina veio e arrancou a mochila da sua mão, e quase brava, levou a mochila embora. 
Você começou a chorar, um choro doído, e eu fui até você, te dei um abraço, você retribuiu e chorou, chorou...
Fiquei confusa, uma espécie de raiva por você ter se frustrado, mas ao mesmo tempo acreditando que isso é normal e até saudável. Sim, saudável. Eu mesma frustro você muitas vezes, não por maldade, mas sim para te ensinar os limites, o respeito. Então rapidamente a raiva foi embora e veio a vontade de te ensinar (e aprender) que lições como essa devem ser encaradas com naturalidade e sem rancores.

update:  a noite Deri (que estava junto na escola) veio me dizer que a minha atitude foi bacana, pois ao pegar Caetano no colo eu expliquei pra ele que a mochila não era dele e a menina não queria emprestar naquela hora. Simples e claro. E disse que se eu tivesse pedido a mochila pra menina e dado pro Caetano eu teria perdido uma bela oportunidade dele vivenciar a sua frustração e estaria ensinando que ele pode tudo. É claro que ele me conhece e sabe que essa opção apssou pela minha cabeça.

domingo, 28 de novembro de 2010

rapidinha

Nos preparando para sair eu pedi pro Deri colocar o crocs no Caetano (aquele sapato feio e super confortável). Dai eu estou escovando os dentes e Caetano chega com pé calçado e outro na mão, eu falo:
- Filho, não tira o sapato que seu pai acabou de colocar!
E o Deri grita da sala:
- Mas eu não coloquei o sapato nele ainda!!!!!
Eu largo a escova, Deri vem correndo e começamos a chorar de emoção.
- Nosso bebê está crescendo...
Ok, a parte em que choramos é mentira, só pra dar um "grand finale". Mas filho, 1 ano e 6 meses calçando o sapato sozinho? Calma que você tem toda vida pra ser independente.

*Caetano e o crocs na foto gentilmente cedida pela amiga Pérola.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

sonâmbulo

Filho, eu espero que quando você tiver idade pra ler e entender o que tá escrito aqui, você já saiba como é bom dormir, e nessa hora que você estiver naquele sono bem gostoso eu vou até a sua cama (até lá imagino que terá saído da nossa cama), sentar e começar a contar piadas sem pé nem cabeça e te chamar para trocar uma idéia... vamos ver se você vai me mandar de volta pra minha cama dizendo que tá cansado ou se vai rir rolando de um lado pro outro achando que eu tomei alguma coisa diferente.

Eu agora oscilo entre os dois comportamentos. 

Agora, agorinha eu tô rolando de rir porque é seu pai que está tentanto te ninar. Quando chegar meu turno poderei achar menos engraçado. 

De qualquer maneira é interessante essa sua necessidade esporádica de querer brincar  de "achou!" e conversar (cara, fala mais que a nêga do leite!) quando é hora de dormir.

(update: a cena toda aconteceu por volta de 22:30)

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

bon appetit

Olha, vou contar uma coisa do Caetano que vai fazer muita gente se espantar...é...já algum tempo eu queria dividir isso mas tinha vergonha. 
Mas agora resolvi me abrir e vou falar: meu filho come a mesma quantidade que um adulto! E veja que ele é até um rapaz magrinho.

Todo mundo fica de queixo caído quando vê o menino comer. Eu não faço idéia a quem ele puxou.
Agora que ele está na escolinha volta e meia as meninas mais velhas que almoçam com ele vem falar comigo, é muito engraçado:
"O Caetano pegou a minha couve flor ontem!", "Ele tomou o meu chá!" 
As professoras dizem a mesma coisa: 
"Ele come bem, né?"

Enfim, fazer qualquer refeição com ele é sempre um prazer enorme, vê-lo experimentar de tudo, comer com gosto. Provar cores, texturas, sabores. 
Faz um tempinho ensinamos o pequeno a pegar as frutas e cheirar, primeiro cheiramos e dizemos: "hummm que goiaba gostosa", depois damos pra ele que faz a mesma coisa e faz o barulhinho também: hummm!!!

Esse será um moço que não irá recusar convites para almoço e jantares...

comendo uma maçã na festa da escola, depois que todos já tinham comido ele ainda continuou firme e forte ;-)

terça-feira, 14 de setembro de 2010

inspiração não é somente a entrada de ar no pulmão


Olha só filho, teu pai que é poeta anda experimentando outros gêneros. Você tem sido uma grande inspiração pa ele, que me disse ter escrito esse conto pra você. 
Engraçado é que um dia ele virou e me disse que na verdade, percebeu durante sua sessão de terapia, ele escreveu isso para sobre nós dois. Sobre nossos desejos infantis. E que a pipa.... ahhhh, chega, não vou entregar tudo. Quem quiser ler ai está:



A pipa

         Havia, em uma cidadezinha bem pequena, um garotinho que adorava empinar pipas. Ficava horas na rua ou em cima de sua casa empinando suas pipas.
         Além de empinar, ele adorava fazer pipas. Fazia com tanto amor e tanta dedicação (apesar de nem conhecer essa palavra ainda) que suas pipas eram reconhecidas por todos na cidade. Todos, quando olhavam para o céu, sabiam que aquela pipa era dele.
         Um dia, depois da aula, ele viu uma menininha que estudava com ele, (se viam sempre, mas nunca haviam se falado) chorando na porta da sala. Quando ele perguntou a ela o que havia acontecido, ela disse ter brigado com os amigos porque falou que as pipas que ele faz são as mais bonitas, e os amigos respondiam: Não é, não!
         O menininho disse: Não fique assim. Fico muito feliz que sejam as mais bonitas pra você! E ela sorriu.
         No outro dia o pai da menina foi na casa dele e disse que sua filha ainda estava muito triste com o que os amigos disseram; e lhe pediu para fazer uma pipa que mostrasse para os outros que ele poderia fazer as mais belas pipas.
         O menino pensou na menina e aceitou o desafio.
         No domingo, no parque, o menininho chegou com uma caixa na mão. Todos o rodearam e o viram, com calma, tirar uma pipa da caixa e dar para a menina.
         Todos ficaram com os olhos arregalados e a boca aberta. Diziam todos juntos: Que pipa mais linda! Que perfeita! A pipa mais linda do mundo!
         Era marrom, com dois pontos castanhos, um traço vermelho e longas rabiolas pretas. E brilhava... Brilhava mais que o sol.
         Todos queriam pega-la, mas a menina não deixava. E todos viam a linda pipa por trás de seus ombros.
         O pai da menina, totalmente feliz e maravilhado com a beleza da pipa, perguntou: Nossa, como você conseguiu fazer uma pipa assim? Tão linda, tão perfeita... Com um material tão diferente... Que material é esse que você usou?
         E o menininho respondeu: Eu usei espelhos.

Deri Alves

sexta-feira, 30 de julho de 2010

quando foi que...


Eu aqui revendo com saudades as fotos do meu pequeno desde seu primeiro dia nesse mundão, me dei conta de como ele mudou e cresceu e de repente percebo que não marquei nenhuma data, sabe essas coisas de primeira vez? A primeira vez que:
sorriu
sustentou a cabeça
virou
sentou
engatinhou
ficou em pé
falou suas palavrinhas
dentinhos
arriscou os primeiros passos
etc

Ai antes que eu me sinta (mais ) frustrada me lembro dessa frase do Mário Quintana:
"Mas por que datar um poema? Os poetas que põem datas nos seus poemas me lembram essas galinhas que carimbam os ovos..."
E sigo (quase) sem culpas por não ter isso tudo anotado num álbum...


(Agora me pergunto: porque continuo colocando data nas minhas poesias? Vai entender...)

quarta-feira, 23 de junho de 2010

tirando os escritos da gaveta

estava mesmo faltando poesia por aqui, agora tem mais, olha aqui: http://versificados.blogspot.com/2010/06/mais-versificados-em-sao-paulo.html


 
rimas flutuam no ar como pequenos balões
algumas viram poesia 
outras eu não alcanço 
  
(e na foto flutua a lua entre fios de alta tensão - Araraquara, out/2009)

terça-feira, 8 de junho de 2010

o estandarte do sanatório geral vai passar* (ou: eu tô na moda!)

Dá pra deixar a consciência pular o carnaval, tirar umas férias? Carnaval, família toda reunida, eu imaginei que algum assunto relacionado a maternidade pudesse surgir e com ele uma possível discussão. Porém , no lugar da discussão inteligente levei uma "bofetada" que ficou atravessada, sei que cada um dá sua opinião baseado nas suas próprias experiencias e limites, o que me incomoda são as incoerências: escuto um discurso a favor do parto natural mas t o d a s foram submetidas a cesarianas, ouço dizerem que amamentação é a melhor coisa, mas dão leite artificial sem nenhuma justificativa razoável.

Fui chamada de radical, ouvi que era falta de respeito eu falar pra outra familiar que ela poderia esperar a hora do filho estar pronto para nascer, que não era necessário marcar a cesariana. Oras, respeito é calar? É...pensando bem respeitar é aceitar as escolhas do outro, e isso pode significar o nosso silêncio diante de algumas coisas. E jogar nossas sementes em solo fértil, quem tem ouvidos para ouvir, ouça. **

Agora dizer que parto natural é moda é muito maluco, pois a nem tantos anos atrás essa era a única maneira  dos filhos virem ao mundo, claro que a cesariana veio para salvar vidas, mas essa inversão de achar que o nascimento através de uma cirurgia é o normal eu custo a compreender. Como disse a Roselene: "...Parir não é moda feminina, parir (hoje) é resgatar o feminino em sua plenitude. Parir não é virtude, muito menos deveria ser privilégio. Parir é potencializar sensações intrínsecas de máximo prazer e afetividade. O ativismo pelo parto natural e ativo é o ativismo pelo direito ao prazer, à sexualidade, ao vínculo afetivo." 

** "Eis que o semeador saiu a semear.
E quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho, e vieram as aves, e comeram-na;
E outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante, e logo nasceu, porque não tinha terra funda;
Mas vindo o sol, queimou-se, e secou-se, porque não tinha raiz.
E outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram, e sufocaram-na.
E outra caiu em boa terra, e deu fruto: um a cem, outro a sessenta e outro a trinta.
Quem tem ouvidos p
ara ouvir, ouça."
(Mateus, XIII, 3 a 9) 

* "vai passar", chico buarque

(ps -  sei que o carnaval já passou faz tempo, mas só agora consegui engolir essa)

terça-feira, 25 de maio de 2010

o 1º a gente nunca esquece

Filho, há um ano atrás você me enviou sinais que estava pronto, te dei a mão e juntos iniciamos mais uma etapa da nossa jornada. Faz um ano que eu não sei mas quem eu sou sem amar você. Você me deu tanta coisa de presente que não existe obrigada que possa dar a dimensão da minha gratidão. Com a sua vinda eu me tornei mãe. Sua vinda me trouxe novos horizontes profissionais. Trouxe uma nova relação com a família e também amigos muito especiais de presente. Com você e para você sou mais forte, criativa. Hoje tenho um olhar diferente para meu corpo, minha saúde. Há um ano sou feliz sem dormir mais de quatro horas seguidas. Há um ano todos os meus dias são agradáveis surpresas. Incrível como eu olho pras suas fotos de um ou dois meses e me pego nostálgica, como você está diferente. Dá vontade de congelar o tempo pra ter você guardadinho em todas as fases, ao mesmo tempo que é uma delícia te ver crescer e descobrir teu jeitinho. Você é uma criatura adorável filho, teu sorriso sincero inunda meus dias e faz a vida ser mais leve e gostosa.


Parabéns pra você, meu menino dos olhões de jabuticaba mais doces do mundo.

(24 de maio de 2010)

domingo, 9 de maio de 2010

entendi o que é ser feliz (todo dia)


Filhote, você sorri sempre e das maneiras mais diferentes possíveis, mas hoje foi especial. Saiba você que datas como o dia das mãe pra mim não significam muito. 
Mas quando eu apareci na porta e você primeiro me olhou nos olhos com cumplicidade pra depois abrir o sorriso mais lindo e doce que eu já vi na vida, eu senti ali que mãe tem que mesmo é ser feliz, não tem jeito.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

parteira contemporânea

mensagem de celular trocada com a parteira (sim, parteira moderna é outra coisa, troca até sms):

- acabei de saber que a sra. esteve em São Paulo e não me ligou. dá próxima vez eu te pego. beijos.
- fui muito rápido minha querida. beijo e saudade.
- tenho saudade pô, vou engravidar só pra você vir aqui me ver! hahaha
- você é uma figura!




A escultura romana de uma parteira em um nascimento
(Dell Isola Sacra, Ostia, no século 1 dC)

sábado, 17 de abril de 2010

novo tempo

O projeto macieira: eu, Deri e Caetano, estamos passando para uma nova fase, que nem videogame mesmo, novas dificuldades, novos horizontes. 

No mais eu quero compartilhar, não só essa música, mas sonhos em comum. E quem sabe longas conversas e amizades despretensiosas. Deliciosas.

No novo tempo, apesar dos castigos
Estamos crescidos, estamos atentos, estamos mais vivos
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer
No novo tempo, apesar dos perigos
Da força mais bruta, da noite que assusta, estamos na luta
Pra sobreviver, pra sobreviver, pra sobreviver
Pra que nossa esperança seja mais que a vingança
Seja sempre um caminho que se deixa de herança
No novo tempo, apesar dos castigos
De toda fadiga, de toda injustiça, estamos na briga
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer
No novo tempo, apesar dos perigos
De todos os pecados, de todos enganos, estamos marcados
Pra sobreviver, pra sobreviver, pra sobreviver
No novo tempo, apesar dos castigos
Estamos em cena, estamos nas ruas, quebrando as algemas
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer
No novo tempo, apesar dos perigos
A gente se encontra cantando na praça, fazendo pirraça
 
(Novo Tempo, Ivan Lins)

quarta-feira, 7 de abril de 2010

sumiço, chuva, lispector e picasso

Estou cheia de coisas pra contar aqui, mas o tempo está escasso. Pra completar essa chuva incessante e esse frio me pegaram de jeito...

 

Dai me veio esse trecho a mente:

"...Da segunda vez em que se encontraram caía uma chuva fininha que ensopava os ossos. Sem nem ao menos darem as mãos caminhavam na chuva que na cara de Macabéa parecia lágrimas escorrendo.           
Da terceira vez em que se encontraram – pois não é que estava chovendo? _ o rapaz, irritado e perdendo o leve verniz de finura que o padrasto a custo lhe ensinara, disse-lhe:          
_ Você só sabe mesmo é chover!              
_ Desculpe.           
Mas ela já o amava tanto que não sabia como se livrar dele, estava em desespero de amor.
...
Ela sabia o que era o desejo – embora não soubesse que sabia. Era assim: ficava faminta mas não de comida, era um gosto meio doloroso que subia do baixo-ventre  e arrepiava o bico dos seios e os braços vazios sem abraço. Tornava-se toda dramática e viver doía. Ficava então meio nervosa e Glória lhe dava água com açúcar."
Clarice Lispector, A Hora da Estrela

Vou me aquecer um pouco e já volto.

A imagem que me lembra muito a Macabéa é "Jaqueline de Mãos Cruzadas" de Pablo Picasso, 1954

sexta-feira, 12 de março de 2010

trocaram meu bebê no parque

Continuando a série "trocaram meu bebê", dessa vez foi no parque que houve a substituição. Fomos ao parque um dia desses e meu bebezinho que até outro dia mamava, ficava no colo ou no chão brincando por perto, resolveu que era hora. Nota: há algum tempo ele só quer ficar de pé, tem uma coisa hilária que ele faz, ele fica em pé apoiado na cadeira da sala e vai passando de uma pra outra e volta, e olha que são seis! Eu estava sentada na areia e ele de pé segurando no meu ombro, assim ele pegava com a outra mão e jogava areia pra todo lado, eis que de repente houve a substituição extraterrestre ele solta a mão do meu ombro e fica de pé sozinho, deu pra entender? Eu ri feliz e histericamente. 
Como coração de mãe foi feito pra aguentar muitas emoções ontem ficou completa a sensação de que meu tico está crescendo (rápido demais pro meu coração) eis que vi uma coisa branquinha inchada na gengiva, vai apontar um dentinho logo, logo. (porque é que eu chorei quando vi?)
9 meses e 15 dias de muitas emoçoes... agora eu vou lá tirar uma folha da minha planta que misteriosamente surgiu enroscada no cabelo dele. 

com cara de cientista maluco

*update - comentário do padrinho: "esse cabelo tá prejudicando a aerodinâmica pô! é obvio que "coisas" aparecem no cabelo dele, rs. sério amor, deixa pro final da adolescência a rebeldia capilar, por ora, ficamos com aquela escovinha típica de pentear cabelos de bebê."
direito de resposta: eu não tenho escova de cabelo nem pra mim, darling. e o cabelo só fica assim após lavar, quando a gente seca com a toalha bagunça tudo, logo depois os cachinhos lindos se formam de novo.

terça-feira, 2 de março de 2010

(des)controle

Gosto de ter tudo sob controle, planejar, fazer listas, respostas e confirmações sem demora e tudo  mais que vem no pacote de uma pessoa controladora. Dai eu planejei engravidar e imaginei muitas coisas que faria com meu filho.
Rá Rá Rá!!!
Obviamente quase tudo sai do controle. Engraçado...sempre que via uma criança mexendo onde não devia ou chorando por querer algo eu pensava: "Comigo não vai ser assim! Acidentes só acontecem por desatenção do adulto. Imagina se meu filho vai fazer isso!"
Rá Rá Rá!!!
Caetano tem vontades bem definidas e muita curiosidade. E isso não significa que não sou uma mãe atenta. Sinto o controle (que imaginava ter, pura ilusão) indo embora pra bem longe de mim a cada dia que passa, e para a surpresa isso tem trazido muita coisa positiva, tem me feito questionar e refletir sobre questões que estavam estagnadas na minha vida e com isso vem uma força de transformar, de crescer.
Dai que eu tenho duas formas de enxergar a situação: que eu não tenho controle total das coisas e fico me remoendo por isso ou encaro que daqui pra frente vai ser cada vez mais assim e entro na dança, me torno uma pessoa mais flexível e levo a vida menos a sério.
 
 (escrevi esse post depois do ocorrido do fim de semana, Caetano caiu com a cara no chão, esfolou o rosto e teve um pequeno sangramento pelo nariz, enquanto estávamos chegando no local do passeio. Foi o primeiro grande susto.)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

o Queen me consola

...Insanity laughs under pressure we're cracking
Can't we give ourselves one more chance
Why can't we give love that one more chance?
Why can't we give love...?
give love give love give love give love give love give love give love give love...
'Cause love's such an old fashioned word
And love dares you to care for
The people on the edge of the night
And loves dares you to change our way of
Caring about ourselves
This is our last dance
This is our last dance
This is ourselves
Under pressure
Under pressure
Pressure

...A insanidade ri, sob pressão estamos pirando
Não podemos dar a nós mesmos mais uma chance?
Por que não podemos dar ao amor mais uma chance?
Por que não podemos dar amor...?
Dar amor, dar amor, dar amor, dar amor...
Pois o amor é uma palavra tão fora de moda
E o amor te desafia a se importar com
As pessoas no limite da noite,
E o amor desafia você a mudar nosso modo de
Nos preocupar com nós mesmos
Esta é nossa última dança
Esta é nossa última dança
Isto somos nós mesmos
Sob pressão
Sob pressão
Pressão

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

a vida é imprevisível, maravilha!


Escrever é uma forma de terapia e tanto...


...enquanto não sai o relato do parto do Caetano eu sigo elaborando.

E amando cada dia mais.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

pequena

Uma mãe fugitiva, uma mulher alucinada. Cheia de peculiaridades ela chega e a gente sabe pra que veio. Ela talvez não saiba que na minha vida - especialmente a de mãe -  ela tem uma grande papel. Quando ela engravidou lá pelos 18 anos aquele alarme sócio-cristão tocou e cheguei a pensar: "Tão novinha!", com ar de sabedoria. As luas foram passando e fui reparando que aquela não era uma menina qualquer, era uma mulher e tanto. As  vezes (até hoje é assim) chego a esquecer desse detalhe da idade. Ela pariu seu filho e junto foi crescendo em mim a idéia de ser mãe. Questão que não passava muito pela minha cabeça, era "coisa mais pra frente". Realmente foi aos trinta que me permiti ser mãe. O fato é que aquela menina-mulher tão lúcida e brilhante me fez perceber em mim essa vontade. Ao olhar pra ela com a sua cria tudo parecia fácil e belo. A convivência e o amor foram crescendo, eu observava aquela maternagem agora de perto e em mim crescia a vontade de fazer como ela. Com ela. E assim vivenciar o que pra mim fazia sentido. 
Que prazer é compartilhar hoje nossa maternagem, nossos dramas, nossas loucuras.
Mulheres alucinadas que somos, quem sabe não vamos repetir a experiência assim, bem pertinho uma da outra. E quando der vontade de fugir, teremos abrigo na fé que move montanhas e mães.

domingo, 24 de janeiro de 2010

carinho de pai


Relendo alguns e-mails achei a resposta do Deri pra pergunta do mamíferas: o que é ser um pai mamífero?

"Ser um pai mamífero é ir além de apoiar um parto humanizado e uma vida mais saudável; e comprar essa brigar e discutir com desconhecidos no elevador; é mais que conversar com "especialistas" e provar pra eles que o que eles estão dizendo não é "A" verdade absoluta, e sim mais um ponto de vista; é mais que fazer tudo e mais um pouco para que a mãe tenha todo o conforto para cuidar do poema mais lindo; é mais que fazer tudo e mais um pouco para que o filho possa aproveitar este momento único em sua plenitude...
Ser um pai mamífero é ter orgulho de colocar o bebê no sling e sair caminhando e cantando, feliz e contente, com o guri na barriga; é dar graças à Deus que a mamãe voltou à trabalhar e, então, temos chances de amamentar (com o leite dela!); é se inspirar e recitar poesias enquanto dá o banha no balde, e sorrir por saber que ele sente-se no útero, por mais alguns momentos, e, dessa vez, olhando pra sua cara!!!

Ser um pai mamífero é tentar reproduzir tudo que a mãe mamífera faz, e rezar para que um dia isso seja possível... e, então, o pai não será aquele que muitas vezes nem é lembrado depois que o bebê nasce, e sim aquele que será invejado por fazer tanto pelo poema mais lindo já escrito por qualquer um... por cada um..."

Coisa mais maravilhosa esse homem, né?

(a colagem das fotos ficou um pouco torta, preguiiiiça!)

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

pequeno yogue chama irmão

Eis que Caetano agora deu pra ficar numas posições inusitadas, mui estranhas, parece fazer yoga. Faz a postura da cobra, postura da criança, postura do sapo e por ai vai, buscando alcançar o nirvana.

Ao contar para a avó a postura mais engraçada que ele fez - a postura do cachorro olhando para baixo - por telefone, (pense na descrição) ela vira pra mim e diz toda animada:


- Ele tá chamando um irmão!!
- Ahn???
- É, quando a criança fica nessa posição está chamando um irmãozinho.
- Ai mãe, prefiro achar que ele tá fazendo yoga mesmo...


namastê!

domingo, 10 de janeiro de 2010

preconceitos parte II - gênero e cor



Caetano, te comprei um boneco, fofo e pretinho igual a você. Você morde ele todinho e brinca feliz. Dai eu andei pensando que ainda existe quem ache que menino não deve brincar de boneca, nem usar rosa. Eu espero que você cresça e possa fazer a sua parte para mudar essas idéias mofadas. E se quiser fazer balé que possa fazer numa boa - se bem que eu não gosto muito, prefiro que faça danças brasileiras. Se quiser costurar ou fazer tricô te mostrarei os primeiros pontos. Jogar futebol é "coisa de menino", seu pai pode te ensinar, mas espero do fundo do meu coração que seja algo menos violento, sem essas torcidas organizadas e outras baixarias, caso contrário melhor fazer aula de culinária. Hoje em dia faz sucesso, a mulherada adora homem que cozinha bem, viu?

Ops,  antes que digam que é politicamente incorreto falar que alguém é "preto" eu digo que já ouvi coisa muito pior e mais dolorosa (que nada tem a ver com cor) do que o apelido carinhoso do nosso filhote.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

preconceitos parte I - tatuagem

Filhote, há algumas semanas você descobriu as minhas tatuagens, da forma mais engraçada do mundo. Vou explicar, você está numa fase que põe tudo na boca, tudo tudo, precisa levar a boca primeiro. Daí que você olhou pra minha tatuagem no ombro e nham, foi direto com a boca, depois se afastou, olhou e ficou cutucando com a maozinha, como se quisesse pegar pra brincar (já que parece um bonequinho). Sabe o que eu pensei na hora? Tomara que você possa escolher se quer fazer ou não sem ter que se preocupar com o trabalho ou outros preconceitos. Que seja somente arte no corpo, como pode ser em qualquer outro lugar.

Coisa mais deliciosa poder ver minhas tatuagens (que algumas vezes causaram conflitos com meu pai) tomando outro significado através do seu olhar puro.

Hum, esse papo me deixou com vontade de fazer a décima quarta, agora em sua homenagem, meu lindinho.