Recebi por e-mail uma proposta para um trabalho de fotografia. A temática era sobre as escolhas da mulher. O que me faz sentir bem enquanto mulher?
Comecei a pensar sobre o assunto. E só surgiam na minha cabeça palavras soltas: mulher, fêmea, filha, mãe, feminino. Não consegui tecer nada coerente, ficava meio sem referências.
Então percebi algo que talvez já tenha me dado conta há muito tempo. Minhas referências de vida vem muito mais do masculino. A história do porquê o maior convívio com meu pai e meu irmão é longa e especial. Resumindo: pais separados e por volta dos 10 anos passamos a morar eu, meu pai e meu irmão. Meu pai casou de novo somente muito tempo depois e minha mãe mora em outra cidade.
Pegar emprestado salto alto e maquiagem da mãe? Eu não. Pegava um agasalho do pai ou os brinquedos do irmão mais novo. Me recordo com ternura da diversão de jogar videogame os três. E montar lego. As bonecas ficavam no fundo do armário, quase esquecidas.
Assistíamos a Fórmula 1. E meu pai nos ensinava a dirigir quando íamos pro interior. Até hoje sou ligada em carros.
Há alguns anos uma amiga foi morar sozinha. Também dei palpite nas cores e tecidos, mas a mão na roda foi instalar pra ela os armários do quarto e as prateleiras da cozinha. Me senti em casa com aquelas ferramentas todas.
Eu não sou masculinizada. Tudo bem que odeio maquiagem, mas adoro pintar a unha de vermelho. Tenho pavor de salto alto, mas nunca deixei de usar brincos, colares e pulseiras.
Há dois anos eu e meu querido poeta "juntamos os trapos". É mais um homem na minha vida, uma nova fase, e nessa meu papel é de mulher. Outro dia ficou bravo porque eu pendurei a cortina sozinha. De vez em quando ele me coloca no lugar de mulherzinha, e eu adoro.
Veio a gravidez e a certeza (intuição?) de que mais um homem faria parte da minha vida. A gravidez é a expressão máxima do feminino. Resolvi ir a fundo e aproveitar tudo o que esse momento tinha pra me dar. O parto, a amamentação, tudo mais o que esse universo feminino me trouxe eu acolho de braços abertos.
E nesse caminho do nascimento do Caetano nasceu uma nova Mariana. Gosto ser mulher e tenho esse universo masculino impregnado em mim de uma maneira muito bonita.
lindo, lindo, lindo.
ResponderExcluirminha história é bem o oposto. referências femininas fortíssimas, mãe, avó, três filhas. caminhos, curvas, desvios de fêmea. bom também, de outro jeito.
linda foto.
bj
Querida Mari, fiquei feliz com este texto, parece uma história sem fim, que gostoso!!! você é uma escritora envolvente!
ResponderExcluirTa vendo, isso que dá frequentar saraus, agora guenta!!
ResponderExcluir(e que sua macieira dê frutos que caiam de forma inspiradora na cabeça das pessoas)
bjs
renato
http://diariogravido.blogspot.com
Gostei muito...
ResponderExcluirVou pensar sobre o assunto.
É bom ler isso - eu tive uma certa crise quando soube que teria um menino, principalmente pelos comentários que fizeram por isso...
Mas acho que minhas referências de criação foram sempre bem mescladas, mas eu sempre gritei pelo meu lado mulher, que foi o que rompeu a bolha de mundo cor de rosa em que meus pais me criaram, a descoberta da sexualidade foi bem assim para mim...
Mas há quem diga que eu não sou feminina, e sempre que dizem isso fazem referência a algum acontecimento em que eu não quis me submeter às coisas. E eu obviamente detesto quando falam isso...
Lindo post, mexeu em alguma coisa por dentro.
Daqui a pouco eu faço um post meu sobre isso...=)
Obrigada!!