poetizada

terça-feira, 8 de junho de 2010

o estandarte do sanatório geral vai passar* (ou: eu tô na moda!)

Dá pra deixar a consciência pular o carnaval, tirar umas férias? Carnaval, família toda reunida, eu imaginei que algum assunto relacionado a maternidade pudesse surgir e com ele uma possível discussão. Porém , no lugar da discussão inteligente levei uma "bofetada" que ficou atravessada, sei que cada um dá sua opinião baseado nas suas próprias experiencias e limites, o que me incomoda são as incoerências: escuto um discurso a favor do parto natural mas t o d a s foram submetidas a cesarianas, ouço dizerem que amamentação é a melhor coisa, mas dão leite artificial sem nenhuma justificativa razoável.

Fui chamada de radical, ouvi que era falta de respeito eu falar pra outra familiar que ela poderia esperar a hora do filho estar pronto para nascer, que não era necessário marcar a cesariana. Oras, respeito é calar? É...pensando bem respeitar é aceitar as escolhas do outro, e isso pode significar o nosso silêncio diante de algumas coisas. E jogar nossas sementes em solo fértil, quem tem ouvidos para ouvir, ouça. **

Agora dizer que parto natural é moda é muito maluco, pois a nem tantos anos atrás essa era a única maneira  dos filhos virem ao mundo, claro que a cesariana veio para salvar vidas, mas essa inversão de achar que o nascimento através de uma cirurgia é o normal eu custo a compreender. Como disse a Roselene: "...Parir não é moda feminina, parir (hoje) é resgatar o feminino em sua plenitude. Parir não é virtude, muito menos deveria ser privilégio. Parir é potencializar sensações intrínsecas de máximo prazer e afetividade. O ativismo pelo parto natural e ativo é o ativismo pelo direito ao prazer, à sexualidade, ao vínculo afetivo." 

** "Eis que o semeador saiu a semear.
E quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho, e vieram as aves, e comeram-na;
E outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante, e logo nasceu, porque não tinha terra funda;
Mas vindo o sol, queimou-se, e secou-se, porque não tinha raiz.
E outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram, e sufocaram-na.
E outra caiu em boa terra, e deu fruto: um a cem, outro a sessenta e outro a trinta.
Quem tem ouvidos p
ara ouvir, ouça."
(Mateus, XIII, 3 a 9) 

* "vai passar", chico buarque

(ps -  sei que o carnaval já passou faz tempo, mas só agora consegui engolir essa)

4 comentários:

  1. ah, Mari, eu já cansei de tomar bofetadas por conta da nossa militância.
    antes do Teo nascer discuti com umas pessoas durante o MEU chá de bebê (pasme!) pq eram pessoas que não respeitavam as minhas decisões. pessoas todas que fizeram cesárea eletiva, óbvio.
    dizem que temos que respeitar as escolhas dos outros, mas não vejo ninguém respeitando as nossas.
    enfim, é a vida.
    beijo

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  2. flor,
    depis de tanto tempo e tantas rasterias nesse caminho de 'militância', aprendi a escolher minhas batalhas. por um lado parece egoísmo, por outro, falar com quem não está a fim de ouvir é jogar energia fora.
    concentre-se nas sementes que podem vingar... que quando vinga, é a sensação melhor do mundo!
    bjo bjo bjo

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  3. é isso mesmo querida!
    Algumas sementes, quando jogadas em solo fértil, brotam. e é lindo ver nascer uma mulher cheia de vontade de viver a maternidade em sua plenitude feminina.
    eu também já cansei de jogar energia fora, cada risada incrédula é como uma bofetada mesmo. mas eu não desisto, sempre que posso mando o recado.
    é o que diz aquele poeminha de João do Vale recitado lindamente por Maria Bethânia em um disco antigo: "minha voz não pode muito, mas gritar eu bem gritei!".
    E vamos gritando. Beijos flor!

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  4. o que eu não compreendo são os parabéns de "nossa, que corajosa sua esposa" quando digo que encaramos um PD.
    pra mim é a mesma coisa que alguém dizer, após eu cagar: "nossa, você cagou sozinho? meu, que coragem, ein!".

    enfim...

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