Estou cheia de coisas pra contar aqui, mas o tempo está escasso. Pra completar essa chuva incessante e esse frio me pegaram de jeito...
Dai me veio esse trecho a mente:
"...Da segunda vez em que se encontraram caía uma chuva fininha que ensopava os ossos. Sem nem ao menos darem as mãos caminhavam na chuva que na cara de Macabéa parecia lágrimas escorrendo.
Da terceira vez em que se encontraram – pois não é que estava chovendo? _ o rapaz, irritado e perdendo o leve verniz de finura que o padrasto a custo lhe ensinara, disse-lhe:
_ Você só sabe mesmo é chover!
_ Desculpe.
Mas ela já o amava tanto que não sabia como se livrar dele, estava em desespero de amor.
...
Ela sabia o que era o desejo – embora não soubesse que sabia. Era assim: ficava faminta mas não de comida, era um gosto meio doloroso que subia do baixo-ventre e arrepiava o bico dos seios e os braços vazios sem abraço. Tornava-se toda dramática e viver doía. Ficava então meio nervosa e Glória lhe dava água com açúcar."
Clarice Lispector, A Hora da Estrela
Clarice Lispector, A Hora da Estrela
Vou me aquecer um pouco e já volto.
A imagem que me lembra muito a Macabéa é "Jaqueline de Mãos Cruzadas" de Pablo Picasso, 1954
na leitura que faço, a imagem é muito mais forte, robusta, a Macabéia ainda mais franzina, perdida, a do picasso com dor, mas ainda assim com um propósito.
ResponderExcluirFlor,
ResponderExcluirobrigada pelos parabéns lá no blog!
E não some, não!
beijos
volta sim Mari!
ResponderExcluireu tbem aos poucos estou voltando...
beijo
co.
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