poetizada

quinta-feira, 22 de abril de 2010

parteira contemporânea

mensagem de celular trocada com a parteira (sim, parteira moderna é outra coisa, troca até sms):

- acabei de saber que a sra. esteve em São Paulo e não me ligou. dá próxima vez eu te pego. beijos.
- fui muito rápido minha querida. beijo e saudade.
- tenho saudade pô, vou engravidar só pra você vir aqui me ver! hahaha
- você é uma figura!




A escultura romana de uma parteira em um nascimento
(Dell Isola Sacra, Ostia, no século 1 dC)

sábado, 17 de abril de 2010

novo tempo

O projeto macieira: eu, Deri e Caetano, estamos passando para uma nova fase, que nem videogame mesmo, novas dificuldades, novos horizontes. 

No mais eu quero compartilhar, não só essa música, mas sonhos em comum. E quem sabe longas conversas e amizades despretensiosas. Deliciosas.

No novo tempo, apesar dos castigos
Estamos crescidos, estamos atentos, estamos mais vivos
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer
No novo tempo, apesar dos perigos
Da força mais bruta, da noite que assusta, estamos na luta
Pra sobreviver, pra sobreviver, pra sobreviver
Pra que nossa esperança seja mais que a vingança
Seja sempre um caminho que se deixa de herança
No novo tempo, apesar dos castigos
De toda fadiga, de toda injustiça, estamos na briga
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer
No novo tempo, apesar dos perigos
De todos os pecados, de todos enganos, estamos marcados
Pra sobreviver, pra sobreviver, pra sobreviver
No novo tempo, apesar dos castigos
Estamos em cena, estamos nas ruas, quebrando as algemas
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer
No novo tempo, apesar dos perigos
A gente se encontra cantando na praça, fazendo pirraça
 
(Novo Tempo, Ivan Lins)

quarta-feira, 7 de abril de 2010

sumiço, chuva, lispector e picasso

Estou cheia de coisas pra contar aqui, mas o tempo está escasso. Pra completar essa chuva incessante e esse frio me pegaram de jeito...

 

Dai me veio esse trecho a mente:

"...Da segunda vez em que se encontraram caía uma chuva fininha que ensopava os ossos. Sem nem ao menos darem as mãos caminhavam na chuva que na cara de Macabéa parecia lágrimas escorrendo.           
Da terceira vez em que se encontraram – pois não é que estava chovendo? _ o rapaz, irritado e perdendo o leve verniz de finura que o padrasto a custo lhe ensinara, disse-lhe:          
_ Você só sabe mesmo é chover!              
_ Desculpe.           
Mas ela já o amava tanto que não sabia como se livrar dele, estava em desespero de amor.
...
Ela sabia o que era o desejo – embora não soubesse que sabia. Era assim: ficava faminta mas não de comida, era um gosto meio doloroso que subia do baixo-ventre  e arrepiava o bico dos seios e os braços vazios sem abraço. Tornava-se toda dramática e viver doía. Ficava então meio nervosa e Glória lhe dava água com açúcar."
Clarice Lispector, A Hora da Estrela

Vou me aquecer um pouco e já volto.

A imagem que me lembra muito a Macabéa é "Jaqueline de Mãos Cruzadas" de Pablo Picasso, 1954